06 agosto 2012

Ser freelancer: coisas boas

Podes passar quatro dias de merda, a encharcar-te de café e a deitar-te às 5 da manhã para acabar o projecto. Mas nesses dias ganhas um equivalente a 3 salários mínimos e quando finalmente entregas o projecto sentes que ganhaste o ouro olímpico.


02 agosto 2012

Ser freelancer: como tomar a decisão?



Há vários factores que, com o passar do tempo, vão apontando nessa direcção. Para mim, foram os seguintes:

  • acordar todos os dias com o desejo de ser atropelada no caminho para o escritório para não ter de ir trabalhar. Esta infelicidade e frustração, só por si, deveria ser suficiente. Mas nós temos um talento extraordinário para não escutarmos a nossa intuição e o nosso corpo; 
  • encontrar alguém do nosso círculo de amigos que seja uma inspiração. Há poucas pessoas que estudaram comigo na faculdade que trabalham, efectivamente, na área da tradução. Eu era uma delas. Depois soube de uma antiga colega, mais nova do que eu, que tinha arriscado e comecei a perguntar-me "porque não hei-de conseguir também?". Claro que os meus auto-boicotes internos me diziam: "Ah, mas aquela pessoa pode ter ajuda da família", "mora numa cidade pequena, logo as despesas que tem com a habitação são muito menores do que as minhas”, “mas ela é casada e o marido poderá bancar-lhe em meses mais difíceis”. Sim, pensei em todas estas hipóteses até à exaustão, mas na verdade foram apenas desculpas para não começar a analisar a minha vida de forma séria e concreta.
  • ler e ouvir testemunhos que nos toquem particularmente (o que a Pipoca Mais Doce escreveu aqui foi muito inspirador);
  • pedir conselhos aos amigos – mas não em demasia: comigo não resultou muito bem. Lembro-me de ter feito um ficheiro excel com as vantagens e desvantagens de me despedir. Enviei para uns 5 ou 6 amigos e eles foram preenchendo e dando a opinião. Houve alguns amigos que não ofereceram grande apoio (´"ai que o mercado está tão mal”, “ai a crise”, “ai, não pode ser tão mau assim, aguenta-te mais um aninho"). Repito: acordar e querer ser atropelada não é um bom sinal.
  • iniciar um processo de preparação mental: consultar consultar um psicólogo e/ou um coach, por exemplo. Eu fiz ambos, um a seguir ao outro, mas foi desde que me inscrevi num workshop com a Sílvia Baptista, que comecei a arregaçar as mangas. O workshop ajudou-me a dar os passos na direcção certa;
  • analisar a situação financeira: perceber se temos algum tipo de poupança; criar um business plan; no caso de trabalhar com actividades paralelas há algum tempo, fazer um balanço dos rendimentos dos últimos 12 ou 18 meses; delinear um plano de acção de marketing;
  • acordar num dia e, simplesmente, decidir. O processo de decisão é rápido, imediato e indolor. Nós, à partida, sabemos sempre o que fazer. No entanto, quando não damos um passo em frente é porque nos detemos a pensar em tudo aquilo que pode acontecer. É normal e justo. Eu estive 1 ano e meio infeliz no trabalho, por isso, durante 18 meses eu soube qual era a decisão a tomar.

01 agosto 2012

Ser freelancer em Portugal


Antes de me tornar freelancer, eu trabalhava como gestora de projectos numa empresa de tradução em Lisboa. O trabalho é mais ou menos o equivalente ao trabalho de um account numa agência de publicidade: eu estava em contacto com os clientes, orçamentava os projectos de tradução, depois encontrava o tradutor e o revisor adequado para aquele projecto e era responsável por assegurar a qualidade final do mesmo, entregando-o no final ao cliente. É uma função cansativa e esgotante: escreve-se cerca de 50-100 e-mails por dia, lida-se com todo o tipo de pessoas, temos de ser problem-solvers. Sim, porque há sempre aquele tradutor que não entrega o trabalho na hora marcada porque "esteve no hospital a noite toda e depois vomitou e depois alguém lhe deu um tiro na mão direita e ele não podia teclar nem completar o trabalho". Pois, parece que estas coisas acontecem. 
Depois de 2 anos e 3 meses a resolver os problemas dos outros - e de conciliar esta actividade com o trabalho de tradutora freelancer em casa - decidi que era hora de experimentar e arriscar, dedicando-me ao freelancing. Para além de tradutora, faço alguns projectos de voz-off. E, sobretudo, gostava de ter mais tempo para novos desafios: estudar jornalismo, fazer mais cursos de escrita, dedicar-me ao meu álbum, aprender a tocar viola, etc. Sou uma pessoa que gosta e precisa de fazer muitas coisas e, definitivamente, isso não se coaduna com a filosofia de um trabalho de escritório.

Nos próximos dias - pois, quero render o peixe - vou debruçar-me um pouco mais sobre este assunto, focando os seguintes pontos, de acordo com a minha experiência:

- Como tomar a decisão?
- A adaptação à vida de um profissional liberal
- Aspectos positivos e negativos (não os clichés que se lê nos blogues de produtividade)
- Como conjugar e distinguir o plano pessoal do profissional?