02 agosto 2012

Ser freelancer: como tomar a decisão?



Há vários factores que, com o passar do tempo, vão apontando nessa direcção. Para mim, foram os seguintes:

  • acordar todos os dias com o desejo de ser atropelada no caminho para o escritório para não ter de ir trabalhar. Esta infelicidade e frustração, só por si, deveria ser suficiente. Mas nós temos um talento extraordinário para não escutarmos a nossa intuição e o nosso corpo; 
  • encontrar alguém do nosso círculo de amigos que seja uma inspiração. Há poucas pessoas que estudaram comigo na faculdade que trabalham, efectivamente, na área da tradução. Eu era uma delas. Depois soube de uma antiga colega, mais nova do que eu, que tinha arriscado e comecei a perguntar-me "porque não hei-de conseguir também?". Claro que os meus auto-boicotes internos me diziam: "Ah, mas aquela pessoa pode ter ajuda da família", "mora numa cidade pequena, logo as despesas que tem com a habitação são muito menores do que as minhas”, “mas ela é casada e o marido poderá bancar-lhe em meses mais difíceis”. Sim, pensei em todas estas hipóteses até à exaustão, mas na verdade foram apenas desculpas para não começar a analisar a minha vida de forma séria e concreta.
  • ler e ouvir testemunhos que nos toquem particularmente (o que a Pipoca Mais Doce escreveu aqui foi muito inspirador);
  • pedir conselhos aos amigos – mas não em demasia: comigo não resultou muito bem. Lembro-me de ter feito um ficheiro excel com as vantagens e desvantagens de me despedir. Enviei para uns 5 ou 6 amigos e eles foram preenchendo e dando a opinião. Houve alguns amigos que não ofereceram grande apoio (´"ai que o mercado está tão mal”, “ai a crise”, “ai, não pode ser tão mau assim, aguenta-te mais um aninho"). Repito: acordar e querer ser atropelada não é um bom sinal.
  • iniciar um processo de preparação mental: consultar consultar um psicólogo e/ou um coach, por exemplo. Eu fiz ambos, um a seguir ao outro, mas foi desde que me inscrevi num workshop com a Sílvia Baptista, que comecei a arregaçar as mangas. O workshop ajudou-me a dar os passos na direcção certa;
  • analisar a situação financeira: perceber se temos algum tipo de poupança; criar um business plan; no caso de trabalhar com actividades paralelas há algum tempo, fazer um balanço dos rendimentos dos últimos 12 ou 18 meses; delinear um plano de acção de marketing;
  • acordar num dia e, simplesmente, decidir. O processo de decisão é rápido, imediato e indolor. Nós, à partida, sabemos sempre o que fazer. No entanto, quando não damos um passo em frente é porque nos detemos a pensar em tudo aquilo que pode acontecer. É normal e justo. Eu estive 1 ano e meio infeliz no trabalho, por isso, durante 18 meses eu soube qual era a decisão a tomar.

4 comentários:

  1. Ó caraças, este post deixou-me cá com umas ganas... Também acordo com vontade de ser atropelada (quase) diariamente. Há pouco tempo apareceu uma agitaçãozinha, um entusiasmo num projecto novo no trabalho mas... meh! Perdi a pica muito depressa. O meu problema essencialmente é dar um valor monetário ao meu trabalho, e se me der para o freelance, quererei continuar a ser designer?
    O coaching parece-me um bom primeiro passo, na psicoterapia eu já ando (e faz maravilhas, mas não é a mesma coisa...)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Querida Analog, quando se começa com o síndrome do atropelamento - tomei a liberdade de chamar assim a essa sensação que muitas pessoas passam num determinado momento das suas vidas - é quando chegou a hora de mudar. Respondo-te ao e-mail agora. Beijo grande.

      Eliminar
  2. Respostas
    1. SM, já tivemos a oportunidade de falar pessoalmente sobre este assunto. :) Se precisares de mais motivação, let me know. :)

      Eliminar

Não desafinem, pode ser?